A doença venosa crónica caracteriza-se por uma alteração na função das válvulas das veias das pernas que leva a que o sangue não consiga ser bombeado de volta para o coração e uma parte se acumule nas veias, resultando numa hipertensão venosa que vai provocando o alargamento progressivo das veias e se transformem em varizes.
Os sintomas mais comuns são a dor difusa nas pernas, sensação de peso e cansaço, calor, edema maleolar (tornozelo), prurido e cãibras. Tipicamente estes sintomas são mais intensos nas pessoas que passam muitas horas em pé, nos meses de maior calor, agravam progressivamento ao longo do dia e melhoram com a elevação dos membros.
ANTES E DEPOIS
Estima-se que a doença venosa crónica atinge cerca de 35% da população adulta em Portugal, ocorrendo mais frequentemente em mulheres entre os 20 e os 50 anos, mas o diagnóstico tem vindo a aumentar em faixas etárias mais jovens, resultado do estilo de vida atual. Nos homens o diagnóstico é geralmente mais tardio, devido a darem menor importância à componente estética, à presença de maior pilosidade que mascara os sinais mais precoces, e porque recorrem a ajuda médica mais tarde muitas vezes apenas com o desenvolvimento de sintomas que afetam negativamente a sua qualidade de vida.
Um médico de Cirurgia Vascular deve ser consultado quando se verificam os primeiros sinais/sintomas. A doença é frequentemente ignorada/desvalorizada. Trata-se de uma doença crónica, com caracter evolutivo, que quando não diagnosticada e tratada atempadamente, nas fases mais avançadas poderá originar complicações sérias que não são meramente estéticas, nomeadamente:
- Trombose das varizes (“Tromboflebite”): caracteriza-se por dor, rubor, calor e tumefação dura numa área ocupada por uma ou várias varizes; esta situação poderá, em algumas circunstâncias, evoluir para trombose venosa profunda, que pode, por sua vez, originar uma embolia pulmonar, uma condição clínica séria.
- Hemorragia das varizes (Varicorragia); trata-se de uma hemorragia por rotura de uma variz, espontânea ou após traumatismo, que pode ser grave se não for efetuada uma compressão imediata.
- Feridas crónicas (Úlcera venosa): feridas junto ao tornozelo, de dimensões variáveis, muito dolorosas, sem tendência para a cicatrização (tipicamente com meses de evolução e levando semanas a meses para cicatrizar) e altamente recidivantes.
- Infeções de repetição da pele e tecido subcutâneo (Celulite/Erisipela).
Embora não seja possível evitar de forma definitiva o aparecimento da doença, a adoção de um estilo de vida saudável é crucial pois pode ajudar a prevenir/atrasar a sua progressão: neste sentido recomenda-se uma alimentação cuidada, prevenir o excesso de peso e praticar regularmente exercício físico (tais como a marcha, corrida lenta, bicicleta ou natação). Nos doentes sintomáticos, outras medidas gerais que promovem alívio das queixas são: evitar longos períodos de pé em posição estática; evitar locais quentes e procurar locais frescos; evitar o uso de roupa apertada e de sapatos demasiado altos ou rasos – recomenda-se o uso de uma altura de 3 a 4 cm pois ativa a “bomba muscular” – contração dos gémeos – que melhora o retorno venoso.
Nem todas as pessoas que sofrem de Doença Venosa Crónica apresentam varizes visíveis nas pernas.
O espetro clínico da doença é amplo, incluindo pessoas que têm queixas subjetivas sem qualquer sinal físico da doença (vulgarmente designadas como “varizes internas”), pessoas com queixas de inchaço/edema das pernas, pessoas com alterações da coloração/consistência da pele das pernas (pele acastanhada e endurecida) e/ou presença de ulceração nas pernas (estadio mais avançado da doença).
Cada doente tem um padrão de doença único e as opções terapêuticas deverão ser personalizadas a cada caso. Nem todos os doentes com Doença Venosa Crónica têm indicação cirúrgica. Há doentes que beneficiarão mais do uso crónico de meias de compressão elástica e/ou toma de medicação venoativa do que de cirurgia.
A cirurgia de varizes está indicada sempre que a doença tem impato negativo na sua qualidade de vida e/ou se já existem sinais físicos nas suas pernas que sugerem a presença de um estadio mais avançado da doença e/ou se já sofreu alguma complicação diretamente relacionada com as varizes e/ou por razões estéticas.
É condição necessária a realização de um exame de ecodoppler venoso que localize e caracterize os pontos de refluxo venoso, servindo como um “mapa” das veias a intervir. O Dr. Gonçalo Rodrigues apresenta uma vasta experiência na realização de exames de ecodoppler venoso, sendo a sua atenção ao pormenor reconhecida quer pelos doentes quer pelos seus pares.
Ainda largamente utilizada no Sistema Nacional de Saúde pelos menores custos associados, a cirurgia convencional de varizes (laqueação e stripping) é cada vez menos utilizada, embora mantenha indicações específicas.
Na grande maioria dos casos, as recomendações atuais preconizam o uso de técnicas endovenosas como a primeira opção terapêutica, tendo em conta que são minimamente invasivas, com menos complicações, permitindo uma recuperação menos dolorosa e muito mais rápida, com melhor resultado estético (menos incisões cirúrgicas) e sem comprometer a eficácia do tratamento (que é comparável entre as duas técnicas).
Existem várias técnicas endovenosas que podem ser utilizadas na cirurgia de varizes em Portugal. O nosso Cirurgião Vascular, o Dr. Gonçalo Rodrigues, é detentor de vasta experiência em várias destas técnicas, nomeadamente:
- técnicas de ablação térmica:
- ablação por laser (EVLA)
- ablação por radiofrequência (RFA)
- técnicas de ablação não-térmica:
- ablação mecânico-química (MOCA - ClariVein ®)
- ablação por cola (VenaSeal ®)
Todas as técnicas endovenosas implicam a obtenção de acesso ao interior da veia a tratar através da pele, feita de forma ecoguiada (tipicamente uma pequena incisão com cerca de 2mm), e a posterior inserção/posicionamento da fibra/cateter através desse acesso nos segmentos venosos pretendidos.
No caso da ablação térmica, a fibra de radiofrequência/laser administra uma determinada quantidade de energia ao longo de todo o comprimento da veia a tratar, o que induz destruição da parede interna da veia e o seu colapso/oclusão, sendo posteriormente absorvida pelo organismo (tornando-se indetetável ao exame de ecodoppler ao fim de algumas semanas a meses sem que tenha sido realmente extraída). Os métodos de ablação térmica implicam a realização de uma anestesia local de tumescência, em que é injetado um grande volume de solução salina com baixa dose de anestésico local ao longo de toda a circunferência e comprimento da veia a tratar, para impedir lesão térmica das estruturas circundantes adjacentes.
No caso da ablação mecânico-quimica, é usado um cateter especial de infusão que possui uma ponta de arame rotativo que permite uma dispersão controlada a 360 graus (em toda a circunferência da veia). Este fio gira a 3500 rotações por minuto, provocando lesão mecânica na parede interna da veia (endotélio), e que se vai puxando para trás ao longo de todo o comprimento da veia a tratar enquanto simultaneamente se injeta/infunde um agente esclerosante líquido para induzir oclusão da veia. Este método não implica anestesia de tumescência.
No caso da ablação por cola, é injetada uma cola médica (cianoacrilato) através de um cateter posicionado ao longo da veia a tratar, sendo aplicada compressão ecoguiada por 30 segundos para “colar a veia” em cada segmento em que se injeta a cola (cada 3cm). Este processo é repetido ao longo de todo o comprimento da veia a tratar. Este método não implica anestesia de tumescência.
Todos estes procedimentos são realizados sob anestesia local e sedação profunda, em regime de ambulatório, e na maior parte das vezes nem necessitam de pontos transfixivos. Como as incisões são milimétricas, faz-se apenas aproximação dos bordos com adesivos próprios (minimizando as marcas).
O tipo de cirurgia endovenosa a utilizar depende de caso a caso, podendo até ser-lhe proposto uma combinação de técnicas. Solicite uma avaliação com o Dr. Gonçalo Rodrigues para que este lhe possa apresentar um plano de tratamento personalizado ao seu caso.
Irão ser colocadas umas ligaduras nas suas pernas imediatamente após o procedimento, que serão substituídas por umas meias de compressão elástica imediatamente antes de ter alta. Deverá usar as meias de compressão elástica diariamente por cerca de 2 a 4 semanas, podendo retirá-las apenas para dormir.
Durante cerca de 2 semanas é expetável sentir dor ligeira e sensação de torção/estiramento nas áreas tratadas, devido à inflamação induzida pelo procedimento que vai induzindo o colapso das veias tratadas nas semanas seguintes. Ser-lhe-à prescrita medicação analgésica para reduzir este desconforto. Também é expetável aparecimento de hematomas nas áreas tratadas, que desaparecerão em poucas semanas, sendo aconselhável aplicação de gelo, medicação heparinóide tópica e massagem local.
Como os métodos endovenosos causam uma oclusão, com consequente trombose das veias tratadas, podem ocorrer flebites “clínicas”, caracterizadas pela presença de cordões/durões dolorosos e rubor da pele suprajacente. Esta flebite é inerente ao método de tratamento utilizado, desaparecendo gradualmente em poucas semanas, e não necessita de nenhuma medida adicional além das já recomendadas no pós-operatório (anti-inflamatório, aplicação de gelo, medicação heparinóide tópica e massagem local).
Na globalidade os doentes submetidos a este tipo de procedimento endovenoso apresentam um período de recuperação curto, podendo retomar as atividades da vida diária / profissionais, conforme tolerância, poucos dias após a intervenção (variável de acordo com técnica utilizada). É encorajada a realização de caminhadas precocemente desde logo após a intervenção, com exceção de exercício físico vigoroso (do tipo ginásio ou desporto) que deve ser evitado por cerca de 2 semanas.
Cerca de 5 a 7 dias após o procedimento, será submetido a um ecodoppler venoso para averiguar a eficácia do tratamento (presença de colapso/oclusão dos segmentos venosos tratados) e para excluir eventuais complicações, nomeadamente a extensão do trombo para o sistema venoso profundo (sendo necessário neste caso a administração de medicação anticoagulante).
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