A Síndrome de Congestão Pélvica é caracterizada pela presença de dor pélvica crónica, descrita frequentemente como uma sensação de peso e/ou inchaço no ventre, que resulta da presença de refluxo e dilatação das veias do útero, vulva e ovários.
É uma patologia ainda subvalorizada e, consequentemente, pouco diagnosticada, mas que motiva uma percentagem significativa de mulheres a recorrerem a consultas de Ginecologia. Ocorre sobretudo em mulheres em idade fértil e até aos 45-50 anos de idade, multíparas (mais de 2 gravidezes), em mulheres com disfunção hormonal, com ovários poliquísticos e úteros retrovertidos.
Muitas vezes os sintomas só aparecem após a gravidez, devido à compressão das veias pélvicas pelo útero gravídico comprometendo a drenagem venosa e devido ao aumento do fluxo sanguíneo nas veias pélvicas “sobrecarregando-as”, não melhorando após o parto por se terem tornado incompetentes/refluxivas.
ANTES E DEPOIS
Muitas mulheres são diagnosticadas em exames ginecológicos de rotina como tendo varizes pélvicas, particularmente as multíparas (mais de 2 gravidezes), mas sem sintomas associados. Apenas as mulheres que têm dor pélvica crónica (há mais de 6 meses) é que poderão ser diagnosticadas como Síndrome de Congestão Pélvica. A presença de veias varicosas na região inguinal, períneo e vulva também são muito sugestivas da presença da doença.
O diagnóstico de Sindrome de Congestao Pélvica é um diagnóstico de exclusão, pois não há sinais/sintomas exclusivos desta patologia. Para se estabelecer o diagnóstico será necessário a realização de exames de imagem que permitirão a exclusão de outros diagnósticos que poderão causar dor pélvica e documentar a presença de varizes pélvicas (veias ovárias, peri-uterinas e iliacas dilatadas e tortuosas).
Com um intuito puramente diagnóstico, o ecodoppler pélvico por via transvaginal é considerado o exame de primeira linha, permitindo visualizar a presença de varizes pélvicas. Contudo este exame tem uma disponibilidade muito limitada, havendo poucos profissionais dedicados e com experiência significativa nesta área. Desta forma, a realização de uma angio-ressonância (angio-RM) ou angiografia por tomografia computarizada (angio-TC) é quase sempre necessária, permitindo ao Ginecologista estabelecer o diagnóstico e ao Cirurgião Vascular identificar as veias envolvidas e localizar os pontos de refluxo, servindo de base para o planeamento de uma eventual intervenção terapêutica.
A embolização das varizes pélvicas é feita através de um cateterismo venoso central, sob anestesia local e sedação. É obtido acesso ao interior de uma veia periférica através da pele (do braço ou da virilha), feito de forma ecoguiada (tipicamente uma pequena incisão com cerca de 2mm), e depois é inserido um cateter através desse acesso no sistema venoso central, usando-se um aparelho de RX para conduzir e posicionar o cateter nos segmentos venosos refluxivos alvo da intervenção (veias ováricas, veia ilíacas, veias periuterinas). Através desse cateter é introduzido o material de embolização no interior das varizes pélvicas, podendo-se utilizar agente esclerosante em espuma, coils, plugs, ou uma combinação de vários, dependendo caso a caso.
O procedimento é feito sob anestesia local e sedação, é relativamente indolor, sem incisões nem recurso a pontos e sem necessidade de internamento, sendo que os doentes têm alta no próprio dia após um recobro de poucas horas e podem retomar as atividades da vida diária e profissionais no dia seguinte. É aconselhável a evicção de esforços físicos intensos (do tipo desporto ou ginásio) durante cerca de 2 semanas.
Poderá sentir desconforto ou dor pélvica ligeira nas semanas seguintes ao procedimento, devido à inflamação induzida pelo procedimento que vai induzindo o colapso das veias tratadas. Ser-lhe-à prescrita medicação analgésica para reduzir este desconforto.
Nas semanas a meses seguintes é expetável assistir-se a regressão espontânea das varizes visíveis, particularmente das varizes vulvares. As varizes que persistirem alguns meses após a embolização, podem necessitar de um segundo procedimento para a sua ablação/remoção.
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