O Linfedema é uma doença crónica caracterizada por acumulação de linfa nos tecidos moles do corpo causando um edema característico, com aumento de volume da área afetada.
O nosso aparelho circulatório é subdividido em 3 sistemas: o arterial, o venoso e o linfático. O sistema linfático é constituído por canais linfáticos e gânglios linfáticos, distribuídos por todo o corpo, que são responsáveis pelo transporte e filtração de gordura, proteínas, excesso de água e de outros resíduos celulares (globalmente designados como linfa) antes de os devolverem ao sangue.
Quando ocorre algum tipo de disfunção no sistema linfático, o resultado é o aparecimento de edema/aumento de volume da região anatómica afetada. Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, mas é mais frequente nas extremidades (braços e/ou pernas).
ANTES E DEPOIS
Numa fase inicial o edema dos membros pode ser apenas ligeiro e esporádico, agravando ao longo do dia e desaparecendo durante a noite. À medida que vai agravando, o edema deixa de desaparecer totalmente e os doentes começam a sentir a roupa/anéis/relógio mais apertados, dificuldades em calçar-se (necessitando de sapatos mais largos), dificuldades na movimentação as articulações do punho e tornozelo, e por fim relatam um aumento de volume persistente no membro afetado que, se não tratado, leva progressivamente ao aparecimento dos seguintes sinais e sintomas:
- Sensação de aperto/peso/cansaço;
- Fibrose da pele e tecidos moles (pele espessada/endurecida);
- Alteração da colocação da pele (primeiro avermelhada e depois acastanhada);
- Aparecimento de pregas/bossas (perna de elefante - elefantíase);
- Infeções de repetição (perna muito inchada, vermelha e quente, com pele “em casca de laranja” e que progride em sentido ascendente – pela perna acima – designadas de linfangite)
- Aparecimento de úlceras transudativas (feridas/úlceras que libertam líquido).
Se as suas queixas se enquadram nos sinais e sintomas acima descritos, é aconselhável solicitar uma avaliação com o Dr. Gonçalo Rodrigues, Cirurgião Vascular especialista em Linfedema, para avaliar o seu caso e propor o tratamento mais adequado.
A pedra basilar do tratamento do linfedema consiste no uso regular de compressão, que pode ser elástica ou não elástica, aplicada por meio de ligaduras, meia tradicional ou sistema do tipo Circaid ®. Algumas pessoas poderão beneficiar de compressão pneumática intermitente (bomba externa que ajuda a “bombear” os líquidos das pernas).
A drenagem linfática manual, realizada por profissionais habilitados, também tem um papel central na redução do edema. Utilizada de forma isolada tem uma eficácia limitada, mas quando realizada simultaneamente com o uso diário apropriado de sistemas de compressão, apresenta resultados muito satisfatórios. A nossa equipa tem fisioterapeutas dermatofuncionais especializados em técnicas de massagem, drenagem linfática, terapia manual, além de equipamentos que podem melhorar a circulação linfática e as condições da pele e tecido subcutâneo. Em conjunto com o nosso Cirurgião Vascular, o Dr. Gonçalo Rodrigues, será desenvolvido um plano de tratamento personalizado e abrangente a cada paciente.
Relativamente ao recurso a fármacos, não há nenhuma terapêutica farmacológica que cure o linfedema: há fármacos venoativos que também promovem a drenagem linfática, podendo ser considerados nos casos de linfedema ligeiro; nos casos de infeções ativas, está recomendado o uso de antibióticos para combater a infeção e nos casos de infeções recorrentes poderá estar indicada a profilaxia antibiótica mensal para prevenção de recorrência infeciosa que pode agravar cumulativamente o linfedema.
Nos casos mais severos com grande deformidade do membro (como nos casos de elefantíase), poderá ser recomendada cirurgia para remoção dos tecidos em excesso de forma a garantir a manutenção da capacidade funcional do membro. Se este for o seu caso, a nossa equipa conta com o Prof. Dr. Olivas Menayo, Cirurgião Plástico especialista em Lipolinfedema, que avaliará o benefício de uma cirurgia de lipoaspiração e/ou remoção do excesso de tecido no seu caso em específico.
O sistema linfático é responsável pelo transporte e filtração de gordura, proteínas, excesso de água e outros resíduos provenientes do metabolismo celular. Desta forma, a linfa é um líquido viscoso e denso. Uma dieta hiperproteica e rica em gorduras pode agravar a disfunção linfática ao aumentar a viscosidade/densidade da linfa e obstruir os canais linfáticos, agravando o linfedema.
A nutrição e o status nutricional assumem assim um papel de relevo na fisiopatologia e no tratamento do linfedema. Até à data, embora nenhuma dieta específica tenha sido comprovada como eficaz, uma nutrição anti-inflamatória, sem gorduras saturadas e com proteínas magras, pode ajudar a diminuir estados edematosos e minimizar o agravamento do linfedema.
O nosso Instituto de Nutrição Integrativa reúne profissionais altamente qualificados que poderão fazer um aconselhamento personalizado ao seu caso e ajudar na planificação do regime alimentar ideal para quem sofre de linfedema.
Equipa Médica
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