A gravidez e o parto são experiências extraordinárias na vida de uma mulher, mas trazem consigo mudanças físicas profundas — muitas vezes invisíveis, mas que afetam significativamente a qualidade de vida. Uma das áreas mais afetadas é o pavimento pélvico, um conjunto de músculos e tecidos que sustentam os órgãos pélvicos e desempenham um papel crucial na continência urinária, função sexual e suporte estrutural.
Segundo a Prof. Dra. Mónica Gomes Ferreira, ginecologista e diretora do MS Mulher e Saúde Institute by MS Medical Institutes,
“o pós-parto é um momento de grande transformação, e o pavimento pélvico é frequentemente negligenciado, apesar do seu impacto na saúde íntima e na autoestima feminina”.
O que acontece ao pavimento pélvico após o parto?
Durante a gravidez, o peso do útero em crescimento exerce pressão sobre o pavimento pélvico. No parto vaginal, essa musculatura é ainda mais exigida, podendo sofrer distensões, lesões ou enfraquecimento, especialmente em partos prolongados, com uso de fórceps ou bebés com peso elevado.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Perda involuntária de urina (incontinência urinária de esforço)
- Sensação de peso ou pressão vaginal
- Dor durante as relações sexuais
- Redução da sensibilidade vaginal
Estes sintomas podem surgir semanas ou meses após o parto e tendem a agravar-se se não forem tratados.
Tratamentos modernos e eficazes
Felizmente, a medicina atual dispõe de soluções inovadoras, seguras e não invasivas para reabilitar o pavimento pélvico no pós-parto. A recuperação não se limita a exercícios de Kegel ou fisioterapia tradicional — hoje, a tecnologia é uma grande aliada.
1. Eletroestimuladores musculares intravaginais (V-Tone)
O dispositivo V-Tone utiliza estimulação elétrica funcional (FES) para ativar diretamente os músculos do pavimento pélvico. Trata-se de um pequeno aplicador intravaginal que, durante sessões indolores de 20-30 minutos, promove contrações musculares controladas.
“É como um treino personalizado para os músculos íntimos. Ideal para mulheres que não conseguem ativar corretamente o pavimento pélvico sozinhas”, explica a Prof. Dra. Mónica Gomes Ferreira.
Este tratamento é indicado para casos de incontinência urinária leve a moderada, perda de tonicidade vaginal e recuperação pós-parto precoce.
2. Cadeira de eletroestimulação (EMS Chair)
A chamada “cadeira do pavimento pélvico” permite que a paciente permaneça sentada, vestida, enquanto milhares de contrações musculares são geradas por estimulação eletromagnética de alta intensidade (HIFEM).
É uma solução prática e confortável para:
- Fortalecimento geral da musculatura pélvica
- Incontinência urinária
- Prevenção de prolapsos
“É uma opção excelente para mulheres com rotinas ocupadas — sessões de 30 minutos que equivalem a centenas de exercícios de Kegel perfeitamente realizados”, refere a Dra. Mónica Gomes Ferreira.
3. Radiofrequência intravaginal
A tecnologia de radiofrequência intravaginal atua no aquecimento controlado dos tecidos da parede vaginal, estimulando a produção de colagénio e a regeneração celular.
Os benefícios incluem:
- Rejuvenescimento vaginal
- Melhoria da lubrificação natural
- Aumento da sensibilidade e satisfação sexual
- Redução da flacidez vaginal
A Prof. Dra. Mónica Gomes Ferreira acrescenta:
“A radiofrequência melhora não só a função, mas também a autoconfiança da mulher. O bem-estar íntimo é parte integrante da saúde global.”
Quando iniciar o tratamento?
Idealmente, a avaliação do pavimento pélvico deve ser feita cerca de 6 semanas após o parto, sendo o plano de tratamento adaptado às necessidades de cada mulher. Quanto mais cedo se iniciar a reabilitação, melhores serão os resultados a longo prazo.
Conclusão
As alterações do pavimento pélvico após o parto são comuns, mas não devem ser encaradas como algo inevitável ou “natural” com o qual se tem de viver. Hoje, existem soluções eficazes, discretas e seguras que devolvem às mulheres o controlo sobre o seu corpo e a sua intimidade.
“Cuidar da saúde íntima é um ato de amor-próprio. E nenhuma mulher deve resignar-se ao desconforto ou à vergonha”, conclui a Prof. Dra. Mónica Gomes Ferreira.